Onda de calor extremo em pleno inverno preocupa especialistas

O Brasil enfrenta uma onda de calor histórica na reta final do inverno de 2023, com temperaturas elevadas que são observadas pelos brasileiros em todo o país, de acordo com a MetSul Meteorologia. A previsão aponta para altas na temperatura nas cinco regiões do país nos próximos dias, com termômetros marcando próximo ou acima dos 40°C em vários estados.

Estael Sias, da MetSul, esclarece que extremos de calor não são incomuns durante a transição entre o inverno e a primavera, no entanto a situação atual é fora do padrão. A principal causa dessa onda de calor é uma bolha de ar quente que se localiza entre o Paraguai e o Centro-Oeste brasileiro.

A previsão é que as temperaturas elevadas afetam estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, Paraná e Mato Grosso do Sul. Estael Sias explica que o ar quente excessivo se deslocará mais para o centro do Brasil no meio da semana, ganhando ainda mais força na segunda metade da semana nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste.

A bolha de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece estacionada por dias ou até semanas, retendo ar quente por baixo, semelhante a uma tampa em uma panela. Isso, segundo a MetSul, interfere nos sistemas meteorológicos, como frentes frias, impedindo a mudança de temperatura e dissipando a cobertura de nuvens.

Em relação às interferências, São Paulo já registrou um recorde anual de temperatura no último domingo, com 33,9°C, superando o valor da última quinta-feira em 0,6°C. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta que, com a persistência da onda de calor, esse registro pode ser superado novamente ainda hoje e no próximo fim de semana.

A temperatura mais alta do dia no país foi registrada em Água Clara, Mato Grosso do Sul, com 40,6°C, enquanto Porto Murtinho, no mesmo estado, não ficou atrás, com tarifas marcando 40,3°C.

De acordo com Estael Sias, a chuva deve ficar abaixo da média na maioria dos estados do país, mas o Rio Grande do Sul ainda enfrenta um excesso de chuvas, após os estragos causados ​​pelo ciclone extratropical. Essa região pode ser afetada por temporais fortes, com chuvas intensas, raios, ventos fortes e granizo.

No Centro-Oeste e Sudeste, o calor excessivo pode resultar em chuvas passageiras, proporcionando algum intervalo do calor escaldante.

Além da bolha de calor, o cenário atual também é influenciado pelo El Niño, que está relacionado ao aquecimento do mar do Pacífico, bem como às mudanças climáticas globais. Alexandre Nascimento, meteorologista da Nottus, acredita que a intensidade desses eventos está diretamente ligada ao consumo excessivo dos recursos naturais do planeta.

À medida que a primavera se aproxima, a expectativa é que o calor intenso persista e que novos eventos climáticos severos possam atingir o país. O meteorologista e chefe de comunicação da Climatempo, Willians Bini, alerta que o calor e a umidade são ingredientes para chuvas fortes e temporárias, embora seja difícil prever quando e onde esses eventos ocorrerão. A população deve permanecer atenta e se preparar para enfrentar as condições climáticas extremas que se apresentam no horizonte.