“Venci o câncer”

O câncer de mama é o segundo tipo que mais afeta brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Apesar de grave, a doença pode ser combatida com maior chance de sucesso se identificada no começo. E foi justamente com o objetivo de alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente, sobre o câncer de colo do útero, que surgiu a iniciativa Outubro Rosa.
Ainda de acordo com o INCA, quando o diagnóstico ocorre na fase inicial, a chance de cura da paciente pode chegar a 95%. Um exemplo real disso é a nossa entrevistada nesta edição, a mandaguariense Adriana Rosa, que trabalha em um escritório de contabilidade. Recentemente, Adriana venceu o câncer de mama, e conversou com a reportagem para falar sobre como foi sua luta contra a doença. 

Diagnóstico
“Todo início de ano eu costumo fazer os exames de rotina com a minha ginecologista, e um pouquinho antes de ir até ela eu senti um certo desconforto na mama esquerda”, conta Adriana. 
A mandaguariense relata que no início não conseguiu distinguir se era um nódulo ou não, foi até a ginecologista para fazer os exames de rotina e detectou dois tumores. “A gente não tinha ideia do que era, mas esses exames apontaram Birads 4”, detalha. Birads, explica, é sigla que se refere ao sistema adotado para estimar qual a chance de determinada imagem da mamografia ser câncer. Variando de 0 a 6, o Birads ajudar a orientar a conduta médica.
“O quatro já existe uma suspeita que possa ser maligno. O procedimento é tirar e mandar pra biópsia. Foi então que ela me encaminhou para um especialista, que é o mastologista. Ao fazer o exame ele já falou pra mandar pra biópsia. Em dez dias ficou pronto. E, pra minha surpresa, os dois tumores eram malignos”, acrescenta.
Adriana relata ainda que receber a notícia “foi um choque. Olha, eu não esperava. Realmente, achava que estada tudo bem. Depois eu pensei, assim, no primeiro dia se eu tiver que chorar, se eu tiver que me lamentar, vou, mas amanhã cabeça erguida e ‘vamo’ lá, ‘vamo’ lutar. 

Tratamento
Com a certeza de que os nódulos eram malignos, Adriana fez um checkup completo para verificar se não havia ramificações dos tumores em órgãos vitais ou ossos. “E de início o mastologista falou ‘Adriana, você vai ter que retirar as duas mamas’. Foi um choque maior ainda. Porque você fica na expectativa de 15 a 20 dias até fazer todos os exames pra saber se tem o tumor em alguma outra parte do corpo, e pra mulher, receber a notícia que você vai ter que tirar as duas mamas… O médico me disse ‘a gente vai ver se vai reconstruir na mesma hora, mas acredito que no seu caso dê pra reconstruir’. E foi todo esse bombardeio de notícias no mesmo dia, tudo de uma vez”, relata.
A mandaguariense conta que deixou o consultório em choque, e a partir daí foram mais duas semanas até os exames complementares ficarem prontos. “Graças a Deus não tinha nenhuma ramificação, e os meus tumores eram pequenos. Por isso que a gente bate na tecla do início. Quando é descoberto cedo, as chances de cura são muito grandes”. 
Entre a retirada das mamas e a reconstrução com próteses de silicone foram quarenta dias. “Agora meu tratamento é com medicamento diário por cinco anos. Por serem tumores pequenos, não preciso fazer quimioterapia. E por isso digo que venci o câncer. Foi muito no início no mesmo. Talvez se fosse daqui dois, três meses, teria outra proporção”, conclui. 

Vida nova
Adriana diz que contou com apoio da família e dos amigos durante o tratamento. “Eu falo que é fundamental pra você conseguir superar tudo isso. Tive muito apoio de amigos, família. Recebia mensagens de pessoas que eu nem conhecia. Isso é fundamental, se cercar das pessoas que você ama e reagir com fé e positividade”.
Agora, a mandaguariense pretende ser voluntária na luta contra o câncer de mama. “Eu não tinha muita informação sobre isso, agora ‘tô’ me aprofundando. Passando-se o susto, quero sim ajudar mulheres a vencer tudo isso. A medicina avançou muito e, sim, é possível vencer”.
Ela encerrou a entrevista afirmando que nasceu de novo. “Depois disso, você começa a ver a vida com outra perspectiva. Para pra ouvir o passarinho cantar, coisas que na correria não vê. É uma nova chance de vida”, finaliza