“É um orgulho saber que boa parte da minha vida profissional foi aqui dentro”

Natural de Apucarana (a 32 quilômetros de Mandaguari), Luiz Alberto Carleto, 53 anos, dedicou praticamente três décadas de sua vida profissional à Romagnole, onde desempenha a função de gerente comercial de produtos para linha industrial. “Entrei em 9 de maio de 1989, exatamente um dia depois da concordata”, conta.

“Quando entreguei meus documentos no RH, me contaram sobre a concordata. Como eu era novo, não sabia o que significava e fiquei um pouco assustado e pensei ‘puxa, larguei tudo em Joinville a troco de voltar pra região e me acontece isso’, mas comecei a trabalhar e entrei na produção”, acrescenta.

O termo “concordata” se refere a um dispositivo legal que pode permitir a recuperação total de uma empresa, que recebe determinado prazo para pagar suas dívidas. “O prazo da Romagnole era dois anos para quitar as dívidas, e se não pagasse entraria em falência”, explica Carleto.

O gerente conta que foi um período difícil. “A empresa pagou a dívida antes do prazo final, claro. Mas até o pagamento ser efetuado, a Romagnole ia negociar com os fornecedores e tinha problemas por conta da concordata. Até os fornecedores que estavam há muito tempo com a gente tinham receio de vender. Foi um momento muito conturbado, de materiais faltando, produção tendo que rodar e pessoas tristes, desanimadas, mas conseguimos superar com muito trabalho”. 

Longa data

Com quase 30 anos de “casa”, Carleto relata que, ao ser contratado, ficou espantado com o número de pessoas que trabalhavam na Romagnole há muito tempo. “Quando entrei eram mais ou menos 300 pessoas na produção. Fui conversando com cada gestor de áreas e perguntando ‘há quanto tempo você está aqui?’, e conheci gente que estava a sete, oito, nove anos na empresa”.

“Nesse dia me perguntei ‘como uma pessoa consegue ficar tanto tempo dentro de uma empresa?’. Queimei minha língua”, comenta o gerente. “Hoje sei responder essa pergunta. O que leva uma pessoa a ficar 30 anos, como eu, por exemplo, são os desafios. Nessas três décadas fui sempre agregando áreas na minha gestão, e fui colocado à prova em vários momentos. Essa renovação diária é essencial”.

Orgulho

Quando perguntado sobre qual o sentimento de trabalhar há quase três décadas na mesma empresa, o gerente foi direto. “É um orgulho saber que boa parte da minha vida profissional foi aqui dentro. Pra mim e pra minha família é motivo de alegria por eu estar trabalhando há tanto tempo aqui. Isso demonstra seriedade, respeito e honestidade. Aqui é meu ganha pão, então me preocupo como se a empresa fosse minha”.

Concluindo a entrevista, Carleto deixa um recado pra quem está começando na empresa. “Tudo que for fazer, faça com amor. É o que dizia Ayrton Senna (in memorian), que tudo que se faz com amor fica melhor. Aprendi nesses 30 anos que o tempo dentro do trabalho deve ser muito bem aproveitado, e cada um deve dar o seu melhor, sempre”, conclui.