Donos de imóveis com focos de dengue podem ser multados em até R$ 27 mil
O departamento de vigilância epidemiológica da secretaria de Saúde de Mandaguari confirmou na última semana que, desde o começo de 2020, foram notificados 57 casos de suspeita de dengue na cidade. 15 casos foram confirmados, 11 descartados e 34 ainda estão em análise – os casos confirmados são todos autóctones, ou seja, foram contraídos no próprio município.
“Ainda não são números definitivos, pois a toda hora chegam notificações novas. O volume aumentou muito nas últimas semanas”, aponta a enfermeira Mariana Cavalcante Endo, que atua no departamento.
O diretor de Saúde do município, Adriano Borges, conta à reportagem que, diante do aumento drástico de casos, a pasta tem tomado medidas mais enérgicas para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus e chikungunya.
Uma das medidas é a abertura de processos administrativos contra empresas e pessoas físicas proprietárias de imóveis onde são encontrados focos da dengue. “Esse processo pode gerar multa no valor de R$ 270 até R$ 27 mil”, detalha Borges.
De acordo com o diretor, as multas começam no valor mínimo, mas em casos de reincidência, a Saúde aumenta o valor da multa e encaminha os autos do processo para o Ministério Público, que pode até mesmo abrir um processo criminal nessas situações.
“Está na Lei que, expor a vida ou a saúde de outra pessoa a perigo direto configura crime, com pena detenção de três meses a um ano”, complementa Borges. Ou seja, além da multa, quem for dono de imóvel com foco de dengue pode parar na cadeia.
Bloqueio perifocal
Ainda dentro das ações de combate à dengue, equipes de combate a endemias estão realizando o trabalho de bloqueio perifocal contra o Aedes aegypti, passando inseticida na área urbana de Mandaguari.
Não se trata do fumacê, mas de outro procedimento para acabar com os focos do mosquito. O bloqueio é efetuado com bombas costais motorizadas. A orientação da Saúde é para que os moradores abram portas e janelas quando avistarem a equipe de endemias, para que veneno entre nas residências.
O trabalho está sendo realizado com veneno liberado pelo Ministério da Saúde, através da 15ª Regional de Saúde de Maringá. “Estamos realizando o bloqueio em regiões mais críticas da cidade, ou seja, onde há maior incidência do mosquito da dengue”, explica Adriano Borges.
O tratamento perifocal consiste geralmente na aplicação de uma camada de inseticida de ação residual nas paredes externas dos depósitos situados em pontos estratégicos como: depósitos de sucatas, borracharias e ferros-velhos, tendo como objetivo atingir o mosquito adulto que pousar na ocasião do repouso ou no momento anterior à postura de ovos.
Dengue no Paraná
Na última terça-feira (11), foi confirmada a primeira morte por dengue em 2020 em Maringá. Dentro dos 30 municípios que fazem parte da 15ª Regional de Saúde, é o quarto óbito confirmado.
Ao todo, chegou a 13 o número de óbitos causados pela doença no Estado desde julho de 2019, início do ciclo epidemiológico no Paraná. Até o dia 4 de fevereiro, eram 7 mortos. As seis novas mortes representam um aumento de 85% nos óbitos confirmados.
Em todo o Paraná, já são 14.697 casos confirmados de dengue, segundo boletim divulgado na terça-feira pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). São 3.815 a mais que no levantamento anterior, que apresentava 10.882. O aumento é de 35,06%. O total de casos notificados é de 49.464, registrados em 309 municípios do Paraná.
“Cerca de 90% dos focos estão nos quintais e pátios e nos ambientes internos das residências e das empresas privadas e públicas. Precisamos do apoio de todos nesta ação de remoção, pois o período de maior transmissão dengue ainda não chegou”, afirmou o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto.