A banalização da gratidão
De tempos em tempos surgem alguns modismos gramaticais e as pessoas, ainda que involuntariamente, embarcam na tendência e começam a usar termos que até então eram pouco usuais em seus vocabulários.
O mais comum são as chamadas gírias, que são cada vez mais descartáveis. Elas vão se transformando ao longo das décadas. Algumas se perpetuam, e para alguns, duram mais tempo que para outros.
No momento, em tempos de redes sociais e superexposição, o que mais se vê são postagens com a inscrição “gratidão” aparecendo nas legendas. Observe e passeie em muitas postagens. Raro não encontrar a expressão “do momento”.
Muitos são levados a citar “gratidão” em suas manifestações, outros nem sabem exatamente porque o fazem, mas fazem. Parafraseando outra expressão que caiu no gosto popular, “virou carne de vaca”.
Observo as manifestações e chego à conclusão que o objetivo, de boa parte, pelo menos”, é aliviar os efeitos que “se aparecer” provoca nos demais. Exemplo: a pessoa posta uma linda foto de frente para o mar, em local paradisíaco, e legenda com “gratidão”, para aliviar a inveja de quem ficou em casa.
Como isso começou? Confesso que não sei, mas vejo que se popularizou e cada dia mais é comum ler gratidão para as férias, gratidão para a piscina, gratidão para o carro recém-comprado, gratidão pelo prato saboroso, gratidão para isso e para aquilo.
Está errado? Óbvio que não, principalmente se a citada gratidão for sincera. Também não é uma crítica de minha parte, afinal, cada um escreve o que quer, mas é muita gratidão reunida em tempos de solidão e individualismo. Enfim, vida que segue. Gratidão a todos que leram essas linhas!