Saúde Mental no fim de ano: como lidar com os desafios emocionais da época

O final de ano é um período marcado por celebrações, reflexões e, para muitas pessoas, intensas emoções. As festas, encontros familiares e o encerramento de um ciclo trazem à tona sentimentos variados, que podem ir da euforia à ansiedade e até mesmo à tristeza. A reportagem do Portal Agora entrevistou duas psicólogas de Mandaguari para falar sobre esse assunto e destacar que essa época do ano, embora simbólica e repleta de significados, pode representar desafios emocionais importantes.

Emoções à flor da pele
Segundo a psicóloga Daniele Delgado Dogani (CRP 08313/80) e Carolina Freitas Moreira Borges (CRP 08/25826), profissionais da área de psicologia, o fim de ano mexe com a saúde mental de muitas pessoas. “Para alguns é um momento de celebração e descanso, para outros é uma época de ansiedade, marcada por recordações ruins ou pela pressão de lidar com situações familiares complicadas”, explica Carolina. Daniele reforça que “sentimentos como solidão, estresse e angústia são comuns, especialmente quando há conflitos familiares ou quando expectativas sociais e financeiras não são atendidas”.

A tradição de fazer uma retrospectiva do ano pode agravar a situação. Carolina observa que muitas pessoas enfrentam frustrações ao avaliar metas não alcançadas, enquanto Daniele destaca o impacto de memórias difíceis associadas ao período. A sobrecarga de compromissos e as despesas também são fatores que contribuem para o estresse.

Desafios de procurar ajuda
Embora o acesso aos cuidados com a saúde mental tenha melhorado, ainda há dificuldades. “Muitas pessoas têm medo de serem julgadas por amigos ou familiares ao buscar ajuda psicológica. Isso reflete o estigma que ainda existe em torno da saúde mental”, ressalta Carolina. Daniele concorda e pontua que essa resistência também pode vir de uma falta de informação sobre a importância do autocuidado emocional.

Estratégias para cuidar da saúde mental
As psicólogas sugerem estratégias para enfrentar os desafios emocionais do período:

  • Praticar gratidão: Listar acontecimentos positivos do ano pode ajudar a equilibrar as reflexões.
  • Estabelecer limites: Reconhecer suas prioridades e aprender a dizer “não” para compromissos excessivos.
  • Buscar prazer e autoconhecimento: Atividades físicas, hobbies e momentos de lazer que promovem bem-estar.
  • Planejar o futuro: Traçar metas claras para o próximo ano, considerando objetivos de curto, médio e longo prazo.
  • Ressignificar experiências: Se houver memórias ruins associadas às festas, criar novas tradições pode ajudar.

Carolina sugere um exercício simples para reduzir a ansiedade: “Coloque no papel o que você quer manter e o que gostaria de mudar no próximo ano. Isso ajuda a organizar as ideias e dá uma sensação de controle”.

Gentileza consigo mesmo
Ambas enfatizam a importância de adotar uma postura gentil em relação a si mesmo. “Se algo ficou aquém do esperado, considere as condições que você enfrentava na época e seja mais compreensivo consigo”, recomenda Carolina. Daniele acrescenta que reavaliar metas e ajustar expectativas é essencial para começar o ano com equilíbrio emocional.

Uma nova perspectiva para o Ano Novo
O fim de ano pode ser uma oportunidade de recomeço, desde que seja encarado com leveza e realismo. Para aqueles que enfrentam dificuldades maiores, buscar ajuda profissional pode ser crucial. “O mais importante é lembrar que ninguém está sozinho e que há sempre formas de transformar experiências negativas em algo positivo”, concluiu Daniele.

A saúde mental é tão essencial quanto a saúde física para o bem-estar e a qualidade de vida de qualquer pessoa. Ela abrange o equilíbrio emocional, psicológico e social, influenciando a forma como lidamos com o estresse, nos relacionamos com os outros e tomamos decisões em nosso cotidiano. Infelizmente, por muito tempo, a saúde mental foi um tema negligenciado ou cercado de estigmas, dificultando a busca por apoio.

Quando nossa saúde mental está em equilíbrio, somos mais capazes de enfrentar os desafios diários, manter relacionamentos saudáveis ​​e alcançar nossos objetivos pessoais e profissionais. Por outro lado, transtornos como ansiedade, depressão ou burnout podem comprometer significativamente o desempenho no trabalho, a convivência familiar e até mesmo a saúde física. Estudos apontam que condições como estresse específico podem aumentar o risco de doenças cardíacas, hipertensão e enfraquecimento do sistema imunológico.

Promover a saúde mental é uma responsabilidade coletiva. Empresas, escolas, comunidades e governos devem criar ambientes acolhedores, promover campanhas de conscientização e garantir o acesso a serviços de saúde mental. Isso inclui ampliar políticas públicas e investir em programas que ofereçam suporte acessível e de qualidade.

Cuidar da saúde mental é cuidar da vida como um todo. Ao priorizar o equilíbrio emocional, investimos em nosso bem-estar e na nossa capacidade de enfrentar os desafios com resiliência. Com atenção, suporte e ações práticas, é possível construir uma sociedade mais saudável, feliz e acolhedora.