Que 2025 seja transbordante em amor

É chegado o tempo de fazermos balanços, avaliando 2024, que está prestes a se findar, e de começarmos a nos inspirar no vindouro ano. Que 2025 seja transbordante em amor!

Bell Hooks, escritora negra estadunidense, tem um livro intitulado Tudo sobre o amor. Nele, a filósofa nos convida a brindar a capacidade de amar. Em Tudo sobre o amor, Bell Hooks nos adverte, com sabedoria e intelectualidade, que amar é uma atitude, nunca apenas um sentimento.

Estamos caminhando para o fechamento de um ciclo, o fim de 2024, e rumando para o prenúncio esperançoso da chegada de 2025. Sim, porque todo fim de ano agimos assim: calculamos as perdas, agradecemos as alegrias, adicionamos expectativas de um futuro melhor e devemos, com peculiar entusiasmo, multiplicar atitudes que demonstrem nossa capacidade de amar.

A dureza dos dias, as notícias assombrosas veiculadas nos meios de comunicação e, por vezes, na rua da nossa casa, nos assustam e nos levam a pensar que estamos em tempos onde se perdeu a capacidade intrinsecamente humana de escolher amar. Não obstante, nos deparamos com os apelos da contemporaneidade que nos roubam a humanidade.

Exemplos como competitividade, individualismo, ganância, mentira, violências naturalizadas e racismo nos fazem perder a esperança e desacreditar na capacidade eminentemente humana que é o amor, sucedido pela atitude de amar.

Um dos exemplos mais robustos da escolha por não amar é o racismo. O racismo, que, como sabemos, é estrutural e estrutura nossa sociedade, se manifesta na mais pura ausência de amor. Sueli Carneiro nos leva a uma reflexão interessante ao escrever: “De que barro somos feitos para permitir a situação dos negros deste país?” Ao tentarmos responder a essa questão, incide sobre nós a urgência de lutarmos por uma sociedade livre de todo tipo de violência, sobretudo as de raça e de gênero, e de voltarmos nossas ações sociais para uma ética amorosa.

No capítulo seis de Tudo sobre o amor, bell hooks escreve exatamente sobre isso: “Valores: viver segundo uma ética amorosa”. Segundo a autora: “Indivíduos que escolhem amar podem alterar e alteram a própria vida para honrar a primazia da ética amorosa. Nós fazemos isso ao escolher trabalhar com indivíduos que admiramos e respeitamos; ao nos comprometermos a nos entregar inteiramente em nossos relacionamentos; ao abraçar uma visão global em que vemos nossa vida e nosso destino como intimamente ligados aos de todas as outras pessoas do planeta.” O amor pressupõe coletividade.

Nesse sentido, com a perspectiva desejosa de que 2025 seja transbordante em amor, que a escolha atitudinal por amar seja uma constante em nossas vidas. Afinal, quando “escolhemos amar, escolhemos nos mover contra o medo — contra a alienação e a separação. A escolha por amar é uma escolha por conectar — por nos encontrarmos no outro.” Que assim seja!

Enfim, que, nos dias vindouros, possamos entender que abraçar uma ética amorosa significa utilizar todas as dimensões do amor: “cuidado, compromisso, confiança, responsabilidade, respeito e conhecimento em nosso cotidiano.”

Que sejamos transbordantes em amor, que tenhamos ambição amorosa todos os dias e que possamos viver numa sociedade onde todas as pessoas adotem “uma ética amorosa, permitindo que ela governe e oriente o modo como pensamos e agimos. Sabemos que, ao deixar nossa luz brilhar, atraímos e somos atraídos por outras pessoas que
também mantêm sua chama acesa. Não estamos sozinhos.”

É por isso e muito mais que desejo ardentemente que o ano de 2025 seja transbordante em amor para mim e para você!

Alessandra Guimarães dos Santos Medina