Muita tecnologia, pouco conhecimento e nenhuma empatia
Nos últimos dias algumas notícias veiculadas na imprensa chamaram atenção e nos levaram a refletir como temos usado todo acesso à informação que temos ao alcance das mãos e como aplicamos tudo isso nas nossas vidas.
A primeira notícia é que somos um país de poucos leitores. Segundo a pesquisa, 53% da população não leu nenhum livro no último ano, seja impresso ou digital.
De fato, livros físicos são caros frente à realidade econômica da população, mas como explicar o desinteresse em leitura quando temos à disposição as muitas plataformas digitais gratuitas que nos oferecem uma riqueza sem fim de bons conteúdos?
Utilizamos nossos poucos pacotes de dados seguindo pessoas que muitas vezes nos enganam mostrando uma vida perfeita que não existe sequer em filmes, ao passo que temos preguiça de ler bons textos, boas histórias ou seguir pessoas que nos ensinam alguma coisa boa.
A segunda matéria divulgada foi sobre as ofensas raciais e elitistas de alunos da PUC contra cotistas e pobres da USP.
Parece um demérito e uma ofensa social quando o sujeito pobre, preto e esforçado busca uma vaga numa universidade de elite intelectual parar ser “alguém na vida”, para ter uma situação financeira mais confortável.
Preferimos cultuar, admirar e seguir influencers que fazem com que milhares de pessoas se afundem em dívidas no jogo do tigrinho a admirar quando o filho de uma pobre se forma médica. Parece que aqueles que buscam conhecimento são os errados da história.
Por fim, tivemos a notícia da fala do ministro do STJ ao afirmar que o “autismo é um problema, que é muito confortável para os pais deixar os filhos horas na terapia para passear na floresta”.
É inadmissível que um cidadão, que decide a vida das pessoas comuns e necessitadas, um homem estudado, que tem o mundo digital em suas mãos esteja tão desconectado com a realidade que assola a vida da população deficiente!
A vida dessas crianças que perdem a infância em salas de terapia e a tentativa desesperada dos pais de fazer com que seus filhos consigam ter autonomia e o mínimo de dignidade e respeito não tem absolutamente nada de agradável e confortável, ao contrário, é sofrido, é custoso.
Esse tipo de fala desprovida de empatia e desconectada com o cotidiano das pessoas nos faz questionar porque o cidadão que deveria, mas não quer contato direto com os comuns, não busca na tecnologia a realidade que deveria saber?
A verdade é que não aprendemos ainda a lidar direito com tudo que o mundo tem a nos oferecer. Temos um longo caminho a percorrer e como diz a canção, ‘…é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre.
Feliz Ano Novo e um 2025 repleto de conhecimento!
Josiane Pires Viana