“De saco cheio”, Andrés encara pressão e prioriza Arena a seis meses de saída do Corinthians
De saco cheio. É assim que Andrés Sanchez diz estar na reta final de seu terceiro mandato como presidente do Corinthians.
Se tudo correr como previsto, daqui a exatos seis meses o cartola deixará a cadeira que foi dele por sete anos – a primeira vez entre o fim de 2007 e início de 2012, e a segunda desde março de 2018.
Os motivos para Andrés estar exausto são diversos. Além dos problemas enfrentados na administração do clube por conta da pandemia do novo coronavírus, ele diz ser alvo de ataques de “pessoas que querem o poder a qualquer custo”.
Na última segunda-feira, um grupo de oposição entrou com pedido de liminar na Justiça para afastá-lo da presidência. O pedido foi negado, mas o mérito da causa ainda será julgado. Também há uma articulação para um pedido de impeachment caso as contas de 2019 sejam reprovadas pelo Conselho Deliberativo.
O cartola se sente injustiçado. Afirma que divide os méritos pelas glórias do Corinthians, mas sofre sozinho as críticas pelos insucessos.
– O primeiro mandato que eu tive, por quase quatro anos e meio, foi cheio de problemas, com muita dificuldade, mas era uma coisa muito mais sadia dentro do clube e fora do clube. O segundo mandato, agora, é reflexo do país. Está uma cobrança, um xingamento, uma exigência, uma suspeição, uma dúvida, tudo está errado, tudo tem esquema e não sei o que, é muito difícil de controlar. Estou muito decepcionado, muito chateado – queixou-se o dirigente há algumas semanas, durante uma conversa com o ex-jogador Basílio transmitida na internet.
Não é exagero dizer que este é o momento de maior pressão enfrentado por Andrés no Corinthians. A crise financeira do clube motivou protestos de torcedores organizados mesmo durante a pandemia. Há duas semanas, também houve pichações contra o dirigente na sede do clube.
– Eu fiz campanha contra o seu Alberto (Dualib), mas jamais fui no pessoal ou para prejudicar o clube, mas hoje muitas vezes querem coisas desse tipo – argumenta Andrés.
Nesta reta final de mandato, a prioridade do presidente alvinegro é desatar os nós do pagamento da Arena Corinthians, principal promessa de campanha dele em 2018.
A pandemia de Covid-19 dificultou as coisas, retardando as negociações com a Caixa Econômica Federal. A Justiça deu prazo até 7 de julho para que o banco e o clube cheguem a um acordo amigável pela dívida do financiamento da Arena. A estatal cobra R$ 536 milhões.
Paralelamente, o Corinthians aguarda o processo de recuperação judicial da Odebrecht (previsto para ser oficializado em 7 de agosto) para definir o valor final que terá de pagar à construtora. Andrés já admitiu que a dívida pode ficar em até R$ 160 milhões, mas ele garante a pessoas próximas que o clube já está livre dessa pendência.
Andrés também gostaria de finalizar a construção do CT das categorias de base antes do fim do mandato. Mas, assim como aconteceu com a Arena, a missão de finalizar e inaugurar a obra ficará com o sucessor dele.
O próximo presidente corintiano será escolhido no fim de novembro, em eleição que se desenha como uma das mais concorridas dos últimos anos. Ex-aliado de Andrés, Mário Gobbi será candidato pela oposição. O grupo Renovação e Transparência, que está no poder desde 2007, ainda não definiu se terá Duílio Monteiro Alves como candidato próprio ou se apoiará Paulo Garcia.
Andrés Sanchez tem dito que apoiará o escolhido por seu grupo político, mas que não entrará “de cabeça” na campanha. Também promete se afastar um pouco da política corintiana a partir de 2021, embora seja conselheiro vitalício.
O cartola está com 56 anos. Na presidência do Timão, Andrés conquistou Série B (2008), Copa do Brasil (2009), Brasileiro (2011) e três Paulistas (2009, 2018 e 2019).