O planeta ficará bem, nós não!
O comediante George Carlin disse em uma apresentação a frase “The planet is fine”, o planeta está bem, em tradução livre, e esteve bem através de todos os bilhões de anos de sua existência. Nós é que não estaremos bem.
O calor e as mudanças climáticas são assunto dos elevadores, filas de ônibus e supermercados. Temas como aquecimento global, El Niño e desastres naturais estão sendo priorizados em detrimento de outros menos urgentes.
Pois bem, estamos vivenciando uma mudança global muito severa e rápida, e aqui não quero citar as guerras de interesses muito escusos, ou então, a geopolítica mundial que, talvez pela primeira vez na história, vê seus pilares de poder sendo questionados pela população. A questão é: Temos condição de sobreviver nesse planeta?
A resposta pode ainda ser Sim, no entanto, há muitas mudanças a serem feitas, e não são mudanças a nível individual, como separar o lixo reciclável, ou tomar banhos mais curtos, que acho necessário, mas precisamos de mudanças que envolvem interesses financeiros que tocam nos bolsos dos poderosos.
Annie Leonard produziu um vídeo, chamado A História das Coisas, nele, ela menciona uma pesquisa que mostra que os EUA têm 5% da população mundial, e consomem 30% dos recursos do planeta. Ainda diz que, se todos consumissem ao ritmo dos Estados Unidos, precisaríamos de 3 a 5 planetas. O problema é que só temos um.
Sim, nossa relação de consumo, aliada a uma crescente populacional, acelerou o aquecimento do planeta e com isso, todas as mudanças climáticas que temos visto nos últimos anos e que ficou ainda mais evidente nesse ano de 2023.
É irônico vermos pessoas que falam de sustentabilidade serem hostilizadas, e tratadas como exageradas e histéricas, quando na verdade elas sempre estiveram certas, e só agora, quando vemos tanta catástrofe, o assunto se tornou banal e simplista nos elevadores e filas, sem ao menos lembrarmos das pessoas que nos avisaram que isso ia ocorrer.
A mudança não está na agricultura familiar, que por definição é muito sustentável, produzindo e aproveitando ao máximo sua produção. A mudança está em combater o extrativismo, os resíduos de grandes indústrias, emissão de gases produzidos por muitos setores industriais, a grilagem, as queimadas e derrubadas de floresta, que nada tem de sustentável, só é a forma mais barata de produzir alimento, que será desperdiçado por aqueles que já destruíram seus recursos naturais.
Eu sei que nesse momento, posso ter sido colocado ao lado dos exagerados e histéricos, e não me importo, é necessário dizer que existem formas sustentáveis de produzir alimento sem que nossa condição de existência seja comprometida, mas essa também é uma escolha a ser feita.
Mas se somos só consumidores, qual o nosso papel nesse ponto? Bom, podemos escolher melhor aqueles que criam leis de incentivo à sustentabilidade ou de controle, podemos exigir a aplicação rígida dessas leis, para que quem ultrapassar os limites da lei sejam mantidos em cativeiro como bandidos que são.
Eu nunca vi em todos os meus 39 anos de vida, a fumaça da queimada do pantanal chegar até Mandaguari, e isso me fez pensar que, se o Brasil é o celeiro do mundo, ele está queimando.
O planeta está bem, nossa espécie é que tem que decidir se quer continuar vivendo sobre esse solo único e incrivelmente belo. É hora de escolher.