Ex-presidente do Peru, Alan García comete suicídio antes de ser preso
Com informações de Revista Veja – O ex-presidente do Peru, Alan García, morreu aos 69 anos depois de atirar contra a própria cabeça na manhã desta quarta-feira, 17. O político cometeu suicídio depois que policiais chegaram em sua residência para executar um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça peruana. García era acusado de receber propina da construtora brasileira Odebrecht.
O político exerceu o cargo de presidente do Peru por duas vezes: a primeira entre 1985 e 1990, e a segunda, de 2006 a 2011. Ele era líder do Partido Aprista Peruano, de centro-esquerda.
Segundo o jornal peruano El Comercio, a Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade executava uma operação para prender vários políticos ligados à empreiteira. Os agentes entraram na residência do ex-presidente às 6h25 no horário local (8h25 no horário de Brasília), poucos minutos depois de a Justiça expedir o mandado da prisão preventiva de dez dias. Ao ser avisado da detenção, o político peruano pediu alguns minutos para falar com seus advogados. Pouco depois, se escutou um disparo.
García foi transferido para o hospital Casimiro Ulloa, também na capital peruana, onde chegou minutos depois de os agentes entrarem na casa.
Ainda nesta manhã, o diretor do hospital, Enrique Gutiérrez, detalhou que o ex-presidente foi atingido por um disparo de arma de fogo no crânio “com orifício de entrada e saída”. Ele acrescentou que todos os médicos do hospital participavam de uma cirurgia de emergência depois do ex-presidente ter sofrido três paradas cardiorrespiratórias.
Delação da Odebrecht
A situação jurídica do ex-presidente se complicou no último domingo 14, quando uma delação premiada da construtora brasileira com a Justiça peruana revelou que o ex-secretário da Presidência e seu filho, José Antonio Nava, receberam 4 milhões de dólares da empresa para a concessão do contrato de construção da Linha 1 do Metrô de Lima.
Também nesta quarta, a polícia prendeu Luis Nava, ex-secretário geral da administração de Alan García, e Miguel Atala, ex-presidente da Petroperú, empresa energética estatal.
O político peruano também era acusado de ter retribuído as doações com grandes subsídios públicos para as obras de uma rodovia, a Interoceânica, entre os anos de 2008 e 2010. O projeto era realizado por um consórcio liderado pela empreiteira.
Outros três ex-presidentes do Peru também são investigados por suspeita de receber propina da Odebrecht: Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006). Kuczynski, mais conhecido como PPK, foi preso temporariamente, no último dia 10 de abril, em decorrência de sua relação com a empreiteira.