Estratégia de combate ao aedes com larvicida torna-se política nacional

Objetivo é reduzir população de insetos em grandes cidades

O Ministério da Saúde anunciou a ampliação da estratégia criada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya. A expectativa é que a transformação dessa medida em política pública nacional ajude a reduzir as populações do inseto, especialmente em grandes cidades.

A estratégia envolve o uso de Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que são potes com dois litros de água parada distribuídos em locais onde há proliferação dos mosquitos. As fêmeas são atraídas para depositar seus ovos nesses potes, mas encontram um tecido sintético impregnado com o larvicida piriproxifeno. A substância adere ao corpo das fêmeas, que acabam levando o larvicida para outros criadouros, afetando o desenvolvimento dos ovos e das larvas.

De acordo com a nota informativa 25/2024, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, a adoção das EDLs envolve cinco etapas: manifestação de interesse do município, assinatura de acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde e a Fiocruz, validação da estratégia pela secretaria de saúde do estado, capacitação dos agentes locais e monitoramento da implementação.

A expansão da estratégia será gradual, levando em conta a capacidade das esferas nacional, estadual e municipal. Inicialmente, 15 cidades serão contempladas, escolhidas com base em critérios como população superior a 100 mil habitantes, alta incidência de dengue, chikungunya e zika nos últimos dois anos, alta infestação por Aedes aegypti e disponibilidade de equipe técnica operacional de campo.

As EDLs foram desenvolvidas por pesquisadores da Fiocruz no Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA). Estudos financiados pelo Ministério da Saúde desde 2016, em resposta à epidemia de zika, mostraram bons resultados em testes realizados até 2022 em 14 cidades brasileiras. As fêmeas visitam muitos criadouros e acabam disseminando o larvicida em um raio de 3 a 400 metros.

Essa estratégia supera barreiras enfrentadas por outros métodos de combate aos mosquitos, alcançando criadouros em locais inacessíveis e indetectáveis, como imóveis fechados e áreas de difícil acesso. Ela também é eficaz em galpões de catadores de materiais recicláveis, onde há muitos recipientes com água parada.

Novas Tecnologias

As EDLs foram mencionadas em nota informativa do Ministério da Saúde no ano passado, que recomendou cinco novas tecnologias para enfrentamento das arboviroses em municípios com mais de 100 mil habitantes. Entre elas, estão as ovitrampas para monitoramento de populações de mosquitos, a borrifação residual intradomiciliar em locais de grande circulação, a técnica do inseto estéril por irradiação (TIE), e o Método Wolbachia, que envolve a introdução de uma bactéria nos insetos para bloquear a transmissão de vírus.

A implantação dessas tecnologias requer um plano de ação municipal e a definição de áreas prioritárias, com base nas características epidemiológicas e socioambientais de cada território. As metodologias podem ser combinadas para maior efetividade e melhores resultados.

A implementação das novas tecnologias não elimina a necessidade das intervenções tradicionais, que dependem da mobilização de agentes públicos e da cooperação da população. Ações educativas para eliminar a água parada nos imóveis e visitas de órgãos sanitários para identificar focos continuam sendo essenciais.