“Dois lados”
A pandemia do novo Coronavirus é uma situação sem precedentes na nossa história recente e será discutida por gerações como algo transformador na história da humanidade. Melhor ou pior, o mundo não será mais o mesmo quando “isso tudo passar”. Aposto na primeira possibilidade.
O impacto econômico é imprevisível em sua gravidade. Com maior ou menor profundidade, há uma certeza de tragédia sem precedentes nas finanças do mundo. Quem tem mais dinheiro pode perder menos, mas torna-se quase impossível imaginar que alguém nada perderá.
Enxergo o Brasil como uma pequena empresa, sem sobra de caixa, que se parar pode quebrar, e alguns países da Europa como uma grande empresa, com folga em suas finanças, que pode se dar “ao luxo” de suspender as atividades sem que “naufrague”.
Isso não quer dizer que o país não possa e não deva seguir o exemplo mundial da quarentena, para diminuir o contágio e evitar o colapso em seu sistema de saúde. Falando nisso, o SUS é uma criação fabulosa da Constituinte de 88, garantindo acesso à saúde a todos os cidadãos brasileiros.
Quando o problema é maior, como no caso a dificuldade financeira atravessada pelo Brasil, surge uma necessidade ainda maior de diálogo, e é justamente aí que nossa crise se agrava.
O presidente Jair Bolsonaro não é alvo da mídia, da esquerda, dos sindicatos ou do que quer que seja. Bolsonaro é alvo dele mesmo, de suas limitações e de seu comportamento belicoso. Assessorado por três filhos aloprados, quem deveria liderar a nação opta por dividi-la justamente por saber fazer somente isso: guerrear.
Haverá muitas lições ao final dessa pandemia, e assim como toda crise, esta também terminará. Na economia, todos terão que recomeçar. Que na saúde tenhamos o menor número possível de baixas. Quanto à política, dessa não há nada a esperar. Nela, a pandemia começou antes, e deve demorar a terminar.