Rixa antiga resultou no primeiro homicídio do ano em Mandaguari, conta delegado
Mandaguari registrou 16 assassinatos ao longo do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp/PR). A média foi de um homicídio a cada 23 dias.
Em 2023, o primeiro assassinato foi registrado na noite de 21 de janeiro, e vitimou Alex Peixoto Ferreira, 29 anos, morto a tiros após discutir com um desafeto em um bar na entrada dos Cinco Conjuntos. Ainda durante aquela noite, a Polícia Civil já tinha informações que levavam ao indivíduo que cometeu o crime, mas não conseguiu localizá-lo em um primeiro momento.
Ao Jornal Agora, o delegado Zoroastro Nery do Prado Filho contou que o autor, um homem de 28 anos que não teve o nome divulgado, se apresentou na delegacia no dia 23, dois dias após o assassinato e, portanto, após o período de flagrante. “Ele foi interrogado aqui na delegacia, acompanhado de dois advogados. Alegou que há sete anos tinha uma rixa com a vítima, no caso o Alex. Há sete anos, segundo o autor, ele já foi agredido várias vezes, teve veículo danificado… E há dois anos resolveu adquirir essa arma para fazer a defesa dele. Onde ele estava, a vítima chegava e o agredia. Perguntei se ele procurou a polícia, chamou a PM, e ele falou que em nenhuma oportunidade acionou”, detalha.
O autor dos disparos não especificou o que motivou a rixa. “Inclusive eu pedi para que ele apontasse testemunhas que presenciaram as agressões. Ele apontou uma testemunha, e nós vamos ouvir, além de procurar outras para confirmar essa versão, para dar prosseguimento ao inquérito”, complementa o delegado. Após ser ouvido, como passou o período de flagrante, o indivíduo foi liberado, mas a polícia irá representar pela prisão dele.
Homicídios solucionados
Nery falou ainda sobre os assassinatos do ano passado, e afirmou que 80% dos casos foram esclarecidos. “Faltam três casos, que dependem de algumas perícias, o que demora. Esses crimes a gente tem a dificuldade de testemunhas”, aponta.
Recentemente, conta o delegado, foi desvendada a autoria do assassinato de Jeniffer Fernanda Machado da Silva, morta a tiros dentro de casa, no Jardim Boa Vista, no dia 7 de março de 2022. Outro crime solucionado nas últimas semanas foi a morte de Daniel da Silva Ramos, que ocorreu em 2 de janeiro de 2022 na Rua Gomercindo Bortolanza, através de perícia.
“A polícia científica tem um banco de dados das armas apreendidas, e através desse banco de dados foi feito confronto com perícias anteriores, e conseguimos chegar à autoria. Teve um crime que ocorreu em janeiro do ano passado, e só conseguimos o laudo em dezembro”, complementa o delegado.
Ao longo da última semana, alguns moradores questionaram a porcentagem da taxa de solução de homicídios na cidade. Nery diz que entende o que às vezes pode ser uma sensação de impunidade, mas ressalta que a polícia está fazendo seu trabalho, e algumas vezes os inquéritos esbarram na legislação.
“Nós evoluímos muito a parte investigativa, inclusive até em situações de furto conseguimos trazer um papiloscopista que faz a coleta de impressões digitais e cruza esses dados com a biometria da Justiça Eleitoral, por exemplo. Assim nós conseguimos identificar os autores. Mas há alguns casos que entra na legislação, e por isso demora. O julgamento desses crimes no tribunal do júri é demorado, e um exemplo é o caso Magó. Concluímos o inquérito dentro dos 30 dias, apresentamos a investigação, mas o julgamento demora”, ressalta.
“A Polícia Civil segue à disposição da população, solucionando casos. E pedimos a colaboração de testemunhas em todas as situações, pois isso ajuda uma resolução ainda mais rápida dos crimes”, finaliza o delegado.