MST e agricultores familiares doarão alimentos em Maringá e Sarandi neste sábado (27)

Famílias camponesas assentadas e acampadas da Reforma Agrária e de pequenos agricultores agroecológicos de 13 municípios do noroeste do Paraná se uniram para uma ação de solidariedade a quem mais precisa. Neste sábado (27), os camponeses farão a doação de alimentos a moradores dos bairros de Maringá e de Sarandi que enfrentam a angústia da falta de comida na mesa, neste contexto de pandemia da covid-19, já cadastradas para receber as doações. Cerca de 200 famílias dos dois municípios serão atendidas. 

A expectativa é de que sejam distribuídas pelo menos 4 toneladas de produtos como arroz, leite, derivados de leite, açúcar mascavo, melado de cana, hortaliças, frutas, mandioca e abóboras. 

A doação terá fubá de milho agroecológico, produzido pelas famílias que vivem e trabalham na Escola Milton Santos de Agroecologia, do MST, localizada em Maringá. Cerca de mil pacotes de açúcar orgânico e 500 frascos de melado orgânico serão doados pelos produtores e produtoras integrante da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), localizada no assentamento Santa Maria, em Paranacity. A comunidade tem produção 100% agroecológica e industrializa diversos tipos de produtos. 

“O Movimento Sem Terra, também nesse tempo de pandemia, tem clareza de que temos que cuidar da vida de todos. Ninguém pode morrer nem pelo vírus e nem de fome. Temos certeza de que, com o envolvimento de toda a sociedade, isso será alcançado. Por isso é que essa união campo e cidade é fundamental. As doações de alimentos quer simbolizar essa esperança de vida como parte de um processo onde toda a sociedade, inclusive as instituições públicas, assumam essa defesa”, reitera João Flávio Borba, membro da direção estadual do MST do Paraná. 

Os produtos da Reforma Agrária vêm das roças e hortas de centenas de famílias integrantes do MST, assentadas nos municípios de Maringá, Santo Inácio, Cafeara, Itaguajé, Jardim Olinda, São João do Caiuá e de Paranacity, e acampadas em Cruzeiro do Sul. Já os agricultores familiares e agroecológicos que participam da doação integram a cooperativa Coopernaturingá, e são dos municípios de Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul, Marumbi e Kaloré. 

A ação também conta com a participação do Núcleo Sindical de Maringá do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP- Sindicato) e do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Água, Esgoto e Saneamento de Maringá e Região Noroeste do Paraná (Sindaen), que arrecadam alimentos industrializados que serão incluídos nas cestas entregues às famílias. 

Entregas

Em Maringá a distribuição será para 75 famílias já cadastradas da Vila São Jorge, a partir das 10h30. A entrega será direto na casa dos moradores, para não haver aglomeração. Caso chova, a distribuição será concentrada no Centro Social Papa João XXIII, com horários diferentes de entrega para garantir o distanciamento social. 

Já em Sarandi, as entregas começam às 14h30, no pátio da Escola Irmã Maria Antônia, onde fica a sede da PROMEC – Proteção ao Menor Carente de Sarandi. A entidade atua em diversos bairros da cidade e identificou as famílias mais necessitadas neste momento.  

Para a realização das duas entregas, a coordenação do MST na região reforça a necessidade de não haver aglomerações e do uso obrigatório de máscaras por todas as pessoas envolvidas na ação, desde a preparação até o momento da entrega.  

No domingo (28), famílias do MST também farão doações de alimentos em bairros de Loanda e de Santa Isabel do Ivaí. Os produtos estão sendo reunidos por famílias assentadas dos municípios de Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Santa Mônica, Planaltina do Paraná e Amaporã.

Ações solidárias do MST no Paraná e no Brasil

Esta é a segunda vez que camponeses e camponesas do MST da região noroeste doam alimentos neste período de pandemia do coronavírus. A primeira ocorreu em abril e soma para as 232,540 toneladas de alimentos saudáveis doadas por assentamentos e acampamentos do Paraná desde o início da quarentena. 

Além dos alimentos frescos, um coletivo de militantes do movimento, amigos e voluntários também produz marmitas agroecológicas todas as quartas-feiras em Curitiba, desde o início de maio. As quentinhas são feitas com produtos vindos de assentamentos e acampamento da Reforma Agrária do Paraná. São produzidas cerca de 700 marmitas por semana, no total foram aproximadamente 5.700 até agora. Pelo menos 600 máscaras de tecido também foram produzidas por agricultoras Sem Terra e distribuídas à população urbana. 

As iniciativas fazem parte de uma campanha nacional do MST em solidariedade aos brasileiros e brasileiras que mais sentem os efeitos da crise econômica causada pela pandemia e pelas políticas insuficientes do governo federal.