D’Ale aguarda trâmites finais para obter dupla cidadania e ampliar elo com o Brasil
O sotaque inconfundível logo entrega as origens de um argentino nascido e criado nas ruas de La Paternal, em Buenos Aires. Mas os 12 anos de Inter e de Porto Alegre se misturam ao orgulho portenho e à identidade de D'Alessandro. A ponto de serem quase “oficiais”. O camisa 10 colorado aguarda os trâmites finais e está perto de enfim obter o passaporte brasileiro.
D'Ale espera concluir o processo para adquirir dupla cidadania ainda em 2020. O argentino deu entrada nos primeiros documentos no final de 2017. Desde então, o processo seguiu seu curso natural, em ritmo vagaroso devido à complexidade dos procedimentos que envolvem governos e embaixadas dos dois países.
Recentemente, D'Alessandro realizou e foi aprovado em um exame em uma universidade brasileira, procedimento final e necessário para atestar a nacionalidade brasileira. Ele já apresentou todos os documentos e aguarda a análise para concluir os trâmites finais. E para virar brasileiro de fato e de direito.
“A curto prazo, meu caminho é aqui em Porto Alegre. Mais que nada pela minha família. Tenho um filho brasileiro (Gonzalo), o mais novo, e os maiores (Martina e Santino) foram criados aqui. Estou por tirar o passaporte brasileiro neste ano” (D'Ale, em entrevista ao jornal Clarín)
Conforme o Estatuto do Estrangeiro, sob a Lei nº 6.815, de 19 de gosto de 1980, é necessário morar por 15 anos no Brasil para adquirir a cidadania brasileira. D'Alessandro vive no país é 12 anos – com um hiato de um ano em Buenos Aires para defender o River Plate, em 2016.
Mas o argentino conta com alguns “benefícios” para acelerar o processo. Ele tem filho nascido no país e atende a algumas exigências como: possuir “residência contínua em território nacional”, “saber ler e escrever a língua portuguesa” e “ter exercício da profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família”.
Passaporte reforça elo entre gringo e o Brasil
O passaporte verde e amarelo dá um tom oficial à relação construída pelo gringo com Porto Alegre e com o Brasil. Não é exagero dizer que D'Ale fica mais “brasileiro” a cada ano. O maior exemplo disso é Gonzalo, seu terceiro filho com a esposa, Érika. Prestes a completar cinco anos de idade, o pequeno nasceu na capital gaúcha por escolha do casal.
Os dois filhos mais velhos, Martina e Santino nasceram em solo argentino. Mas também fincaram raízes. Ambos falam português fluentemente, “brincam” de futebol nas escolinhas do Inter e batem o pé para que a família siga em Porto Alegre quando o pai decidir encerrar a carreira.
Estão mais do que em casa com os amigos e na escola. E sentiram muita falta da cidade no ano que passaram em Buenos Aires.
A relação do argentino com Porto Alegre também se cristaliza na solidariedade. D'Ale promove o seu jogo beneficente, Lance de Craque, desde 2014 na capital gaúcha. Também é embaixador do Instituto do Câncer Infantil. E, em meio à pandemia do coronavírus, se junta a Dunga em uma série de ações para arrecadar doações
E a renovação com o Inter?
D'Ale chegou a ir às lágrimas em entrevista coletiva recente só de pensar na hipótese de encerrar a carreira ao final de 2020, quando se encerra o vínculo com o Inter. Mas o clube já conduz conversas com o atleta e trata a sua permanência com muito otimismo. A tendência é de que o acerto seja selado nos últimos meses do ano.
Com a dupla cidadania, D'Alessandro abrirá uma lacuna para mais um estrangeiro no elenco colorado. Além dele, o Inter conta com Saravia, Víctor Cuesta, Musto, Sarrafiore e Guerrero como gringos à disposição de Eduardo Coudet. O limite para competições nacionais é de cinco atletas de fora do país.
D'Alessandro tem contrato com o Inter até 31 de dezembro de 2020. O argentino soma nove jogos e dois gols pelo clube na temporada. Em sua 12º ano de Beira-Rio ele é o terceiro jogador com mais jogos na história do Colorado: são 484 partidas, com 94 gols marcados.