Quarentena
A televisão mostra a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato mundial de futebol, no México. Mostra também as finais de todas as copas desde os anos 80. Apresenta o penta, o tetra, a Copa das Confederações, e até as eliminatórias de 94.
O Jornal Nacional apresenta um cenário devastador, o novo apocalipse. Na Record, otimismo e a santa cloroquina, apesar de evangélicos não cultuarem imagens. No SBT, Bob Esponja. Na internet, live de dupla sertaneja.
Sem esporte ou outro tipo de competição, o Big Brother virou o campeonato do momento. Com tempo mais ocioso, boa parte dos brasileiros foi para frente da televisão e torceu como nunca, se envolveu, e deu a uma jovem negra o prêmio de R$ 1,5 milhão.
Pessoas são cobradas a otimizar o tempo, lerem livros, escreverem, assistirem séries, refazerem seus planos, reorganizarem seus armários e guardas roupas e passarem a vida a limpo. Pouco ou nada disso acontece. Ninguém consegue fazer quase nada.
Atividade física? Como? No máximo os 15 segundos para postar em rede social. A ansiedade e a aproximação do inverno provocam mesmo é uma comilança desenfreada. Todo mundo está muito mais gordo que um mês e meio atrás.
Bolsonaro continua falando as mesmas bobagens que repete faz mais de 30 anos, desde que virou político. Nem tudo que propaga é de se desprezar, mas quando não se excede no conteúdo, exagera na forma, quando não nos dois simultaneamente.
Se você acaba de chegar de marte ou qualquer outro planeta do sistema solar, está aí um resumo do Brasil desde que começou a pandemia do novo coronavirus. E vá se acostumando. Com o afrouxamento natural, a tendência é da permanência deste cenário por este “restinho de ano”.