Entidades de Mandaguari estruturam grupo de desenvolvimento imobiliário para o município

No último dia 23 de dezembro, foi realizada em Mandaguari uma reunião entre representantes do Registro de Imóveis, do Conselho de Arquitetura e Engenharia, de imobiliárias e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a fim de levantar ideias relacionadas ao desenvolvimento imobiliário da região.

O encontro identificou as necessidades da área, bem como propôs a criação, no futuro, de um fórum municipal voltado para esse tema. A próxima reunião está marcada para janeiro e dará continuidade aos planos de estruturação, tanto do grupo quanto das ações.

Erika Krugel, Oficial de Registro de Imóveis de Mandaguari, informa que, dias antes, o grupo também se reuniu com representantes da prefeitura para entender a situação imobiliária da cidade e os pontos que precisam de atenção.

“Essa parceria com o município e com as diversas organizações é essencial para gerar mais negócios e desenvolver ainda mais a infraestrutura e economia da região. Esperamos fomentar esse ambiente e levantar propostas cada vez mais importantes para a sociedade”, comenta Krugel.

Representantes de diferentes entidades, incluindo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), engenheiros, arquitetos e imobiliárias, uniram forças para enfrentar os desafios que vêm travando o setor imobiliário em Mandaguari. O grupo de Desenvolvimento Imobiliário foi criado no final de 2024 com o objetivo de reorganizar e impulsionar o desenvolvimento urbano da cidade.

A primeira reunião do Fórum ocorreu em 23 de dezembro de 2024, e outra no dia 15 de janeiro de 2025. O grupo planeja incluir representantes da prefeitura, como das áreas jurídica e tributária, nas próximas reuniões, previstas para o início de fevereiro.

A reportagem do Jornal Agora entrevistou o advogado Dalber Krepsky Filho e, segundo ele, Mandaguari enfrenta sérios entraves no desenvolvimento imobiliário. Nos últimos anos, nenhum loteamento havia sido liberado, o que impediu a expansão da cidade. O loteamento Santa Alice, com 844 lotes, foi aprovado recentemente, mas enfrentou atrasos devido à burocracia.

“Precisamos identificar onde estão os problemas. Pode ser no registro de imóveis, na prefeitura, na emissão de escrituras públicas ou até no recolhimento do ITBI. Esses atrasos não apenas travam os processos, mas também fazem com que recursos saiam de Mandaguari para outras cidades”, explica ele.

Outro ponto levantado é a escassez de imóveis para locação ou compra na cidade, o que força trabalhadores locais a morar em municípios vizinhos, como Marialva. Essa situação reduz o investimento no comércio e na economia local, já que esses moradores acabam gastando seus recursos em suas cidades de residência.

O fórum busca promover maior eficiência nos processos burocráticos. “Um procedimento que deveria levar três meses muitas vezes demora mais de um ano. Isso esfria as negociações e impede o avanço do mercado imobiliário. Estamos discutindo como reduzir esses prazos e simplificar os trâmites”, afirma.

O grupo pretende mapear áreas disponíveis na cidade para identificar pontos viáveis para novos empreendimentos. Além disso, busca promover equilíbrio entre oferta e demanda no mercado imobiliário, garantindo que diferentes perfis socioeconômicos possam ser atendidos.

“Não adianta aprovar apenas um grande loteamento e achar que todos os problemas serão resolvidos. Precisamos de projetos variados que contemplem diferentes necessidades e realidades financeiras”, destaca.

Eles acreditam que a colaboração entre o setor público e privado será crucial para superar os desafios. Um grupo de oito membros já está ativo, incluindo advogados, engenheiros e representantes imobiliários. A inclusão de representantes da prefeitura nas discussões está em andamento e o uso da tecnologia é visto como uma ferramenta essencial para simplificar os processos.

“Se existe legalidade e não há prejuízo para terceiros, por que não otimizar os procedimentos? Mandaguari precisa destravar seu crescimento imobiliário para garantir um desenvolvimento econômico sustentável”, pontua Krepsky Filho.

Em entrevista, Erika M. Krügel Stocco, registradora do Registro de Imóveis de Mandaguari e diretora de comunicação do Registro de Imóveis do Brasil, detalhou o propósito, os avanços e os desafios do grupo.

Segundo ela, o grupo foi criado no final de 2024 com o objetivo de abordar o déficit habitacional em Mandaguari. “Percebemos que há uma alta procura por imóveis para compra e aluguel, mas não há produtos suficientes para atender essa demanda, seja pela falta de unidades ou pelos valores elevados dos imóveis disponíveis”, explicou.

A ideia surgiu após a constatação de que outras cidades implementaram iniciativas bem-sucedidas envolvendo a sociedade civil no desenvolvimento do setor. O trabalho do grupo tem se concentrado em identificar os principais problemas que impedem o crescimento do setor imobiliário e buscar soluções inspiradas em práticas de sucesso adotadas em outros municípios. “Nossa intenção é criar um documento detalhado, que descreva as dificuldades e proponha melhorias específicas para o desenvolvimento do setor imobiliário de Mandaguari”.

Entre os principais desafios apontados, está a falta de imóveis disponíveis para atender a demanda de pessoas que se mudam para a cidade por questões de trabalho ou familiares. A situação é agravada pela necessidade de regularização fundiária, como o georreferenciamento de propriedades, que se tornará obrigatório para várias transações imobiliárias a partir de novembro. “Essa exigência pode dificultar ainda mais o acesso ao mercado imobiliário, especialmente para quem já enfrenta dificuldades com imóveis em situação irregular”, explicou ela.

O grupo planeja realizar uma nova reunião em breve, desta vez envolvendo a Prefeitura Municipal, para apresentar os problemas identificados e propor soluções conjuntas. “Não se trata de algo que a sociedade civil possa resolver sozinha. É fundamental que o poder público esteja presente e que outros setores, como indústrias e universidades, também contribuam”, finalizou ela.

Com iniciativas colaborativas como essa, Mandaguari dá um importante passo rumo ao desenvolvimento sustentável do setor imobiliário, buscando garantir que o município possa atender à sua crescente demanda habitacional de maneira organizada e eficiente.

O grupo continuará suas reuniões para alinhar estratégias e propor soluções efetivas. Um grupo no WhatsApp tem servido para adiantar discussões e organizar os próximos encontros. A próxima reunião oficial deverá ocorrer no início de fevereiro, com foco em resolver questões pontuais que ainda travam o setor.

A iniciativa é um passo importante para o crescimento urbano de Mandaguari, que busca atender à alta demanda por imóveis e promover um desenvolvimento mais equilibrado e inclusivo.