‘Dr. Nery’ completa 40 anos na segurança pública do Paraná
Matéria publicada na 419ª edição do Jornal Agora
O delegado titular da Polícia Civil de Mandaguari, Dr. Zoroastro Nery do Prado Filho, completou 40 anos de dedicação à segurança pública do Paraná, dos quais 28 foram dedicados a um histórico de excelente trabalho em Mandaguari. Em entrevista ao Jornal Agora, Nery destacou seus feitos desde os primeiros passos na carreira como Policial Militar até sua posição atual como chefe da delegacia do município.
História
De origem humilde, proveniente de uma família de poucos recursos, cujos pais migraram de outro estado e tiveram acesso limitado à educação, Zoroastro Nery Prado Filho, atualmente com 54 anos, compartilha sua jornada desde sua infância em um pequeno distrito de uma cidade já considerada pequena, marcada pela escassez de oportunidades, até alcançar o sucesso profissional e o reconhecimento da sociedade. Nascido em Jussiara, distrito de Kaloré, e registrado em Bom Sucesso, ‘Dr. Nery’, como é conhecido, mudou-se para Jandaia do Sul aos cinco anos de idade, onde passou sua infância, trabalhou e concluiu o ensino médio. “Trabalhei por sete anos no extinto Supermercado Vera Cruz, no setor de carga e descarga de caminhões”, relembra o delegado.
Por duas vezes, Zoroastro Nery tentou cursar o ensino superior em Bragança Paulista (SP); no entanto, devido à condição financeira de sua família, não pôde manter-se no curso. Ele relata que na época, na região, apenas a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual de Londrina (UEL) ofereciam o curso de Direito, mas as vagas eram altamente concorridas e os vestibulares apresentavam um nível de dificuldade considerável. “Enfrentei muitos obstáculos para concluir minha formação devido à situação financeira de minha família. Um curso que deveria ter durado quatro anos, levei 12 para concluir. Sempre surgia algo que me obrigava a interromper os estudos”, disse Nery. Ele só conseguiu finalizar a graduação em 1993, aos 32 anos, pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), localizada em Presidente Prudente (SP).
Profissional
Iniciando sua trajetória na Polícia Militar, Nery compartilha sua primeira experiência no serviço de segurança pública como policial de trânsito. “Em 1984, aos 23 anos, ingressei no 10º Batalhão da Polícia Militar, onde fiz o curso de formação e posteriormente fui designado para Jandaia do Sul. A maior parte da minha atuação foi nessa cidade, integrando a equipe de policiamento de trânsito. Durante esse período, comecei a atender ocorrências de acidentes e, posteriormente, fui transferido para Cambira até 1985. Com a transição para a Polícia Civil, assumi a delegacia de São Pedro do Ivaí como assistente. Mais tarde, fui aprovado no concurso para delegado e ingressei na instituição em 1996, onde passei pelo curso de formação para delegados”, relembra Nery, com um tom de nostalgia. Desde 1997, o delegado está à frente da 55ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Nery também faz parte da Central Regional de Flagrantes, onde trabalha em uma escala de rodízio. “Assim que concluí o curso em 1997, fui designado para Mandaguari, onde estou já no topo da carreira de delegado de polícia. Me sinto integrado na cidade, tenho um bom conhecimento, tenho facilidade e gosto muito do município, onde me sinto muito bem. Já passamos por situações difíceis, como o caso da Magó, casos onde tivemos uma grande repercussão. São situações que marcam a vida da gente”, completa.
Homem de fé e esperança
Há alguns anos, Nery também liderou uma equipe que começou a desenvolver um trabalho de ressocialização dos detentos por meio da fé. Após notar a eficácia de ações de evangelização, o delegado e sua equipe tiveram a ideia de fundar a Casa de Recuperação Espaço Esperança (CREE), um centro de recuperação para atender dependentes químicos, não só a comunidade carcerária, mas a população da cidade como um todo.
Histórias inesquecíveis
No cotidiano do imaginário popular, a imagem de um policial, figura autoritária, muitas vezes é associada a alguém duro, bem pouco sensível e nada delicado. Porém, dentro da farda, do uniforme também existe uma pessoa, um coração. Nery relembra uma história inesquecível, onde ajudou a realizar um parto. “Em uma madrugada, um senhor veio correndo desesperado até a viatura e nos informou que sua esposa estava em trabalho de parto e ele não tinha meios de chamar uma ambulância. Nos deslocamos imediatamente até o local e nos deparamos com a situação, que inicialmente nos assustou. Apesar da falta de experiência, da agonia e da tensão no ar, conseguimos realizar o parto da esposa do homem. Logo em seguida, levamos a mãe e o bebê ao hospital para os cuidados necessários. Ao chegarmos lá, recebemos elogios e nos disseram que tudo foi feito corretamente. Foi um momento de alívio”, relata Nery com uma fala um pouco humorada. O delegado também destaca outro caso marcante em sua carreira: “Foi a investigação do assassinato de um corretor de seguros em Jandaia do Sul, encontrado dentro de seu veículo. Levamos cerca de oito meses e percorremos cerca de 5.000 quilômetros para esclarecer o caso”, contou.
Legado
Entre suas realizações, destacam-se também as homenagens que recebeu, incluindo a mais recente, no ano passado, quando o delegado foi homenageado na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Essa homenagem reconheceu seu trabalho e dedicação ao serviço público, destacando sua contribuição para a comunidade e para a segurança do estado do Paraná.